Fale… Sonhe. Para que serve um divã?

Por Clara Cruz

A psicanálise deseja para cada pessoa a liberdade e a singularidade.

Ao nos deitarmos no divã, e escutarmos do analista fale o que vier à cabeça, é o que nos tornamos: livres e singulares.

Livres do quê? Basicamente, de duas coisas: do olhar do outro – e do julgamento que ele pode representar sobre aquilo que estamos falando; e da exigência de se seguir um raciocínio lógico.

No divã, somos livres, pois o que falamos não precisa fazer sentido, as ideias não precisam estar encadeadas umas nas outras. Até bem pelo contrário: o que se passa ali é um afrouxamento da necessidade imperativa de sermos coerentes e justificar o tempo todo o que dizemos.

Assim, nos tornamos singulares, pois aquilo que é dito no divã não pode ser reproduzido em nenhum outro lugar: é um material verbal único, pura fala do inconsciente, não ditada pelas regras que costumamos seguir quando nos relacionamos com os outros.

Em um divã, surge a nossa dimensão mais irrepetível: nossa subjetividade.

O que isso significa? Que o sujeito que nós somos – o que pensamos e sentimos em relação a tudo o que nos acontece – já está ali, dentro da gente; o que a psicanálise faz é ajudá-lo a emergir, irromper para o mundo.

Cada um vai se encontrar com a fôrma em que foi moldado para, aos poucos, ir encontrando outras fôrmas, outras formas de ser.

Uma análise faz nascer aquilo que já está em gestação dentro de nós.

Ideias, sonhos, pensamentos… planos que germinam mas demoram a amadurecer, mudanças grandes e pequenas que querem, há muito tempo, acontecer.

Desse modo, várias certezas caem e uma, bem importante, vem à tona: a de que não somos melhores nem piores do que ninguém, e não precisamos nos comparar às outras pessoas.

 

Cada um traz escondido dentro de si
um vasto mundo de riquezas:
forças
e fraquezas
todas elas tão bonitas…
Cada ser é um universo inteiro.

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