sonho dourado (relendo Drummond)

Gastei um dia gestando um poema
que os dedos não podem digitar.

No entanto ele está cá dentro
quieto, mas tão vivo,
e dança como ninguém,
com sua beleza ímpar e rara.

Pobre de mim, que desejo este verso
tanto
que dói.

Ele está cá dentro
e não pode sair,
os dedos não se atreveriam.

Mas o desejo deste encontro
inunda minha alma inteira.

(Clara Cruz)

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