limbo

para Nage, onde estiver

 

vó,
que saudade do teu prédio,
do teu remédio,
até do tédio que eu sentia
ao ficar na tua casa.

saudade do elevador,
das escadas,
da caixa de correio
que já se esvaiu pelo ralo da memória.

o ralo do banheiro, as plantas!
a dor não escolhe mesmo onde vai se grudar.

a não ser a saudade,
não tenho casa para morar.

 

(Clara Cruz)

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