após a tempestade
Vamos ser honestos, o que nós somos é:
sobreviventes
de um dilúvio de palavras.
Foram elas, elas!
Que destruíram nossas barragens
que destelharam nossas almas.
As palavras.
Somos náufragos ao contrário!
Foi da chuva, e não do mar,
que vieram as palavras
que por pouco não nos engoliram...
Então vamos diluir esse dilúvio.
Para que ele seja
menos consistente
menos espesso.
Vamos pingar gotas
de silêncio
nesta tinta densa
neste oceano bruto.
Neste mar de palavras
de um dizer absoluto.
(Clara Cruz)
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